quarta-feira, 25 de novembro de 2009

As atarantadas.

Eram amigas unidas feito carne e unha. Quase irmãs. Dividiram até o berço algumas vezes. Falavam animadas pelos cotovelos quando se encontravam, e como tinham o que falar, embora fosse sempre o mesmo assunto. Na infância, eram criancices. Na adolescência, eram bobagens. Na faculdade, eram futilidades. Quando adultas, era pura sacanagem. Ao envelhecerem, lembravam dos velhos tempos. Falavam sempre ao mesmo tempo balançando os braços como duas afogadas no meio do oceano de palavras até cansar, embora dificilmente uma prestasse atenção no que a outra dizia. Mas eram grandes amigas, antes de tudo e isto é o que importava. Quando uma delas morreu de morte natural, a outra ficou muda.

25.11.09