terça-feira, 24 de março de 2009

Alucinação I

Ela nem via ou ouvia coisas. Só as imaginava. O mundo era percebido distorcido à sua volta. Era como se ela fosse o centro do universo. Tudo girava em torno dela. Um olhar diferente ou palavra mal compreendida poderia significar o fim do mundo. Em seguia, fazia um tremendo drama. O caos estava instalado em sua cabeça. Um dia, tudo ia bem até que ele a perguntou o que andava fazendo. Eram amigos, quase amantes. Pergunta simples e sem intenção alguma. Poderia ter feito outra da mesma família, como tem passado? Soou-lhe como uma cobrança. Como queria saber tanto de sua vida? Parecia seu pai, o seu senhor eterno. Calou-se enfurecida e nunca mais o procurou. Com a melhor amiga também foi a mesma coisa. A coitada lhe disse uma verdade e foi vista como inimiga. Foi banida de seu mundo para nunca mais. Ao final só restou uma mulher confusa e solitária.

24.03.09

quarta-feira, 4 de março de 2009

A noite triste.

Ele era solitário e sentia um vazio. Ao seu chamado, ela veio imediatamente. Era meio da noite. Seu vestido provocante o fez lembrar da mãe. Ela desnudou-se lentamente à sua frente enquanto ele olhava tentando excitar-se. Sua roupa, também, foi logo posta de lado. Em seguida, ela fez o que tinha de ser feito. Entregou-se sem resistência ou desejo. Apenas o fez. Deixou que seu corpo flácido a cobrisse. Quando ela imaginava que já tinha terminado, ele começava tudo de novo e de novo, autômato, pela silenciosa e triste noite adentro. Ao fundo, Sarah Vaughan cantava Gershwin baixinho. Ele teve o seu momento de felicidade efêmera embora ilusória. Ao final, ela se recompôs e foi-se, não sem antes receber pelo serviço. Despediu-se dele deixando-o novamente no vazio da solidão de seu apartamento.

27.02.09