quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Acordo

Ela não o amava mais, pediu-lhe o divórcio na bucha. Talvez nunca o tivesse amado. Ao mesmo tempo, ele caiu de cama, acometido de grave enfermidade. Os médicos não lhe deram muito tempo, era o seu fim. Então, ele suplicou a ela piedade, rogou-lhe que aguardasse para em breve libertar-se, tornando-se viúva. Enquanto isto que cuidasse dele. Na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, conforme o sagrado sacramento. Ela aquiesceu, cuidaria de sua enfermidade até o momento final. O acordo foi feito, então. A idéia do divórcio ficava suspensa em troca do prometido velório. O tempo foi passando, ela cuidava dele e nada de ele partir. Vez por outra, a morte vinha visitar-lhe, mas ele demonstrava-se duro na queda. Ele virou um fantasma de si mesmo de tão enfermo que estava, ao seu lado, a zelosa esposa ansiava por sua viuvez. Ano após ano, ele fazia que ia mas não ia. Ela, resignada, apenas aguardava e servia de sua enfermeira. Ela cumpria o prometido embora não o amasse mais. E ele não cumpria a sua parte do acordo.

04.02.10

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