domingo, 15 de fevereiro de 2009

No calor da noite.

De dia, era a distinta professora de música do grupo escolar da cidade. Temente a Deus. Vestia-se como uma missionária e sempre carregava o violino numa caixa branca. Não fumava, não bebia, não jogava. Único vício era o banho de cachoeira, longe de olhares curiosos. Sua pequena casa era graciosa com um jardim de rosas na frente. No quintal, um estreito portão de ferro dava acesso ao atalho tortuoso para uma escondida cachoeira. Vivia apenas com três gatos. Dormia em cama de solteiro. A rotina diária era a mesma. Manhã, na escola, as tardes eram das roseiras e as noites do violino. Sábado, a faxina e a feira no largo. Domingo, a igreja pela manhã e o descanso merecido à tarde. Já bem tarde, em noites de lua cheia e calor, era arrebatada por um frêmito enquanto a cidade sonhava profundamente. A distinta professora escapulia pelo portão dos fundos e ia de fininho até a cachoeira no meio do mato, guiada pelo luar. As roupas eram postas cuidadosamente dobradas sobre uma pedra. Sentava-se em outra, sob a queda d'água a beijar-lhe entre as pernas e provocar-lhe inconfessáveis ondas de prazer.

14.02.09

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