Era tão linda que doía. No rosto, o sorriso senil de sempre. De que sorriria tanto? Na cabeça, um vácuo. Achava tudo lindo. Uma perfeita idiota feliz. O olhar perdido, às vezes triste. Ele a viu uma vez, não a esqueceu mais. Como podia ser tão linda e feliz o tempo todo, pensou. Quis vê-la mais vezes. Encontrou-a certo fim de tarde sentada no gramado assistindo o por do sol. O que está fazendo, perguntou curioso. Vendo o por do sol, respondeu alegre. Como é lindo, acrescentou. Mal se falaram enquanto isso. Muda, contemplava o por do sol como se fosse o ultimo da face da terra. Ele foi embora depois disso. Voltou à noite. Ela continuava no mesmo lugar. E agora? Perguntou. Agora estou vendo a lua, respondeu com um largo sorriso e olhar iluminado.
29.01.09
Não conhecia esse seu lado poético.
ResponderExcluirMe lembrei da poesia de uma amiga:
Sobre o travesseiro de flores de laranjeira
Um flech ofuscou meu olhar calmo e sonolento.
Vi seu corpo nu refletido no espelho da penteadeira,
Deu-me um frio na espinha naquele momento.
Sobre o criado que ladeava minha cabeceira
Uma foto sua aumentava meu tormento,
Minha ex-vida passou de forma sorrateira,
Enchendo-me de agonia e encantamento.
Uma voz que me foi familiar e costumeira
Aflorou-me no pensamento um antigo sentimento,
Sobre o veludo vermelho da velha cadeira
Recordei-me da primeira noite do nosso casamento.
Alucinado de amor e paixão, perdi a estribeira.
Debruçado sobre a cama na minha vã imaginação,
Sonhei... Ti amando a noite inteira.
Muito bom!