quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Papel de seda.

Era uma solitária, doce e bondosa velhinha. Exatamente como seria a minha ou a sua vovozinha. Ao acordar com o trinado dos passarinhos, rezava um Pai Nosso e uma Ave Maria. Alimentava os gatos, depois fazia tudo que tinha de ser feito em sua pequena moradia. Havia umas plantinhas semelhantes a uma erva que cuidava com muito zelo numa horta no fundo do quintal. Aos domingos pela manhã ia à missa da paróquia e à tarde fazia geléia de laranja. Sua geléia era famosa e deliciosa, mimo presenteado a parentes e vizinhos escolhidos a dedo. No final da tarde, tomava um longo banho morno. Empoava-se com talco fino e passava colônia de alfazema. Sentava-se toda arrumada na cadeira de balanço na varanda do quintal com uma caixa de lata de biscoitos no colo de onde saía uma bíblia e um pacotinho de papel de seda. De outra latinha, tirava um pouquinho da erva de sua horta e a embrulhava no papel de ceda, apertava um cigarrinho. Abria a sua bíblia e enquanto lia e orava, fumava seu baseado.

17.02.09

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